Assalto ao Aeroporto I
Sempre que entro num avião assalta-me aquela ansiedade esquizofrénica de saber quem é ou são as pessoas que me vão fazer companhia durante toda a viagem. Confesso: Não gosto de pessoas espaçosas a meu lado!
Foi numa destas viagens em que, depois de ouvir a hospedeira mestre dizer que o avião estava pronto para arrancar, me consciencializei de que ninguém se sentara a meu lado no banco. Cheirei-me e olhei-me para me aperceber que nem cheirava mal nem aparentava mal e, ao cheirar-me e olhar-me pude, com um razoável grau de certeza, atribuir o facto às incertezas da sorte. Não tive que dizer “eu quero um banco só para mim!” porque o tinha efectivamente e sem o reivindicar.
Aquele estado de liberdade – antes sozinho que mal acompanhado! - para além de me aliviar os movimentos concedeu-me o espaço suficiente para a desopressão de pensamentos, mas, assumo, foi a visão de uma hospedeira loira, bonita de um bonito cada vez mais ausente nas diferentes corporações de hospedeiras, onde o azul marinho dos seus sapatos lhe encerrava harmoniosamente todo um charme ali feito na vertical, que me fez iniciar um exercício matemático. Um simples jogo de probabilidades. Questionei pois qual seria a probabilidade de uma mulher, na verdadeira acepção da palavra, se vir a sentar ao meu lado num voo internacional?
Olhei o avião como nunca o houvera olhado para determinar que 90 por cento dos passageiros eram homens. A amígdala emocional do meu cérebro apressou-se logo a concluiu que, considerando-se certa a estimação dos 90%, teria então 10% de probabilidade de ao meu lado se vir sentar uma mulher na verdadeira acepção da palavra. Um “Nada disso!” disparou automaticamente da bancada racional. Sabendo-se que no universo mulher, 50% viajam acompanhadas pelos maridos ou namorados foi fácil chegar a um valor aprovado por maioria: 5% passava então a ser a probabilidade determinada.
Fiz quase toda a viagem convicto de que, face ao valores simulados, teria chegado a uma estimação quase precisa para a questão que me assaltara naquele voo, mas... A democracia de meios do meu tempo é mister em dar voz, e ainda bem, às minorias... Aproveitando-se do facto, a pequena bancada documental do meu cérebro – tenho uma memória que é uma lástima! – apresentou-me novos dados que ao serem considerados como válidos fizeram do último valor estimado um valor errado. Não foi mais que assim: É sabido, por verificação empírica, que os 50% de mulheres que viajam sozinhas ou são executivas ou engenheiras. Por argumentação académica é também válido o pressuposto que diz que todas as mulheres, no momento do seu nascimento, têm que optar entre serem bonitas ou engenheiras (ou executivas). Considerando a validade das duas proposições anteriores, pude concluir, humildemente, que, por consentimento universal, 0% é a probabilidade de ao lado de um passageiro se sentar uma mulher, na verdadeira decepção da frase. 0%! Assim, entrar num voo internacional com pretensões libidinosas é tão despropositado como eu estar aqui a tentar encontrar uma conclusão séria para um texto que jamais o foi.
Foi numa destas viagens em que, depois de ouvir a hospedeira mestre dizer que o avião estava pronto para arrancar, me consciencializei de que ninguém se sentara a meu lado no banco. Cheirei-me e olhei-me para me aperceber que nem cheirava mal nem aparentava mal e, ao cheirar-me e olhar-me pude, com um razoável grau de certeza, atribuir o facto às incertezas da sorte. Não tive que dizer “eu quero um banco só para mim!” porque o tinha efectivamente e sem o reivindicar.
Aquele estado de liberdade – antes sozinho que mal acompanhado! - para além de me aliviar os movimentos concedeu-me o espaço suficiente para a desopressão de pensamentos, mas, assumo, foi a visão de uma hospedeira loira, bonita de um bonito cada vez mais ausente nas diferentes corporações de hospedeiras, onde o azul marinho dos seus sapatos lhe encerrava harmoniosamente todo um charme ali feito na vertical, que me fez iniciar um exercício matemático. Um simples jogo de probabilidades. Questionei pois qual seria a probabilidade de uma mulher, na verdadeira acepção da palavra, se vir a sentar ao meu lado num voo internacional?
Olhei o avião como nunca o houvera olhado para determinar que 90 por cento dos passageiros eram homens. A amígdala emocional do meu cérebro apressou-se logo a concluiu que, considerando-se certa a estimação dos 90%, teria então 10% de probabilidade de ao meu lado se vir sentar uma mulher na verdadeira acepção da palavra. Um “Nada disso!” disparou automaticamente da bancada racional. Sabendo-se que no universo mulher, 50% viajam acompanhadas pelos maridos ou namorados foi fácil chegar a um valor aprovado por maioria: 5% passava então a ser a probabilidade determinada.
Fiz quase toda a viagem convicto de que, face ao valores simulados, teria chegado a uma estimação quase precisa para a questão que me assaltara naquele voo, mas... A democracia de meios do meu tempo é mister em dar voz, e ainda bem, às minorias... Aproveitando-se do facto, a pequena bancada documental do meu cérebro – tenho uma memória que é uma lástima! – apresentou-me novos dados que ao serem considerados como válidos fizeram do último valor estimado um valor errado. Não foi mais que assim: É sabido, por verificação empírica, que os 50% de mulheres que viajam sozinhas ou são executivas ou engenheiras. Por argumentação académica é também válido o pressuposto que diz que todas as mulheres, no momento do seu nascimento, têm que optar entre serem bonitas ou engenheiras (ou executivas). Considerando a validade das duas proposições anteriores, pude concluir, humildemente, que, por consentimento universal, 0% é a probabilidade de ao lado de um passageiro se sentar uma mulher, na verdadeira decepção da frase. 0%! Assim, entrar num voo internacional com pretensões libidinosas é tão despropositado como eu estar aqui a tentar encontrar uma conclusão séria para um texto que jamais o foi.
18 Bocas:
Não tive tempo de ler, mas acho boa ideia aproveitares o espaço para escrever....
Abraço, D
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E como é uma mulher na verdadeira acepção da palavra?????
É uma mulher Mulher.
E quem acha isso é um homem Homem?????
;-). Às vezes... muito raramente.
Bem me queria parecer...
E quem pensa isso é, porventura, mulher Mulher?
Depende dos dias. Há dias em que é mulher Mulher e há dias em que é, apenas mulher...
Então é como eu... homem Homem. Só que muito raramente.
Mas bem vistas as coisas, ser-se apenas mulher é uma mais valia se compararmos com o ser-se apenas homem, não concordas? ;-)
Claro que não. Quando muito, ser-se homem Homem muito raramente é equivalente a ser-se mulher Mulher frequentemente. Não concordas?
É evidente que não.
Acho que não estás a ver as coisas pelo lado correcto.De qualquer forma, eu não sou mulher Mulher frequentemente, a ponto de te tentar convencer do contrário.(hoje estou sem argumentos possivelmente porque é um daqueles dias em que sou apenas mulher)
Ok... teremos que continuar a discussão depois das férias, mulher Mulher que hoje só se sente mulher.
Não gostei... foste condescendente e eu não gostei.
Mas, mesmo assim boas férias.
Deixa ficar um mail sem seres condescendente.
Eu nunca sou condescendente nem mesmo para deixar ficar um mail. É que se o fizesse, iria pôr em causa o meu anonimato e nisso eu sou completamente intransigente.
Continuação de boas férias!!!
Boas férias para ti também.
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